revoluciomnibus.com Música do Brasil de Cabo a Rabo![]()
![]() Lagoa da Canoa município de Arapiraca Alagoas e a música livre no mundo ![]() ![]() MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABOO LIVRO DE PEDRAINSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTALSinfonia Fantástica da condição do artista em país periférico abastardado
1970 1970
1971Natural
Feelings e Seeds
on the ground são os dois primeiros álbuns de Airto
Moreira, em que Hermeto atua como arranjador e ao
piano, cravo, flauta e violão. Foi também o compositor
das faixas “Andei”, “Uri”, “Papo Furado”, “Juntos” e "Bebê"
Posteriormente
a Buddah Records, que lançara os dois discos, assim como
"Hermeto", de 1970, produzido por Airto Moreira e Flora Purim,
reuniu-os no duplo LP The Essential AIRTO featuring FLORA
PURIM & Special Friends - Hermeto, com tudo, Ron
Carter ...
![]() ![]() O “BRAZILIAN JAZZ” NA DÉCADA DE 1980 NO EIXO RIO-SÃO PAULO DEBORAH WEITERSCHAN LEVY UFRJ RIO DE JANEIRO 2016 contém um catadão supimpa do que se escreveu e disse no Brasil sobre as explorações musicais de Hermeto Pascoal, com bibliografia: Em 1969
[Hermeto] foi para os EUA a convite de Flora Purim e Airto
Moreira, depois do recente sucesso com o Quarteto Novo
(Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte no violão e guitarra, Théo
Barros no baixo e Airto Moreira na bateria e percussão).
Lima Neto
(1999) avalia que os quatro anos que viveu nos EUA, entre 1969 e
1973, foram muito importantes no desenvolvimento e concepção do
artista naquele momento: “A experiência nos E.U.A. parece ter
tido de fato importância no desenvolvimento tanto da carreira
como da concepção de Hermeto. Foi lá que a concepção e o lado
experimental de Hermeto puderam aflorar mais totalmente.
Misturando o "Gaio da roseira" de sua infância às
experimentações aparentemente influenciadas pelo free jazz
americano, em Seeds on the Ground, Hermeto foi pela
primeira vez reconhecido internacionalmente.” (NETO, 1999, p.45)
A
importância na concepção parece estar ligada a um atmosfera de
liberdade que o favoreceu em ir além em seu universo musical,
junto a um músico com o qual já tinha longos anos de parceria,
Airto Moreira, e também com quem viria a se torna sua parceira,
Flora Purim, nas gravações que fez nos álbuns de Airto, em
“Natural Feelings” (1970) e “Seeds on the ground” (1971)30 e
ainda, em “Hermeto” tendo Airto como percussionista. O contato
com o Free Jazz lhe favoreceu no uso das rupturas da tonalidade
e da métrica e outros fatores: “As características do free jazz,
que serão aprofundadas no capítulo seguinte foram: a livre
incursão na atonalidade; a dissolução do metro, do beat; a
pesquisa com timbres e ruídos; a improvisação extásica e
coletiva; a abolição da forma; etc. Hermeto assimilou alguns dos
procedimentos relacionados acima, senão todos, na década de 70,
quando viajou e morou nos E.U.A. Sem perder no entanto, as
referências da música brasileira e da música nordestina de sua
infância especialmente, Hermeto parece ter encontrado no
efervescente mundo do jazz americano experimental, um território
onde pôde desenvolver sua própria linguagem.” (NETO, 1999,
p.28). A importância no desenvolvimento se refere ao
reconhecimento por parte dos músicos de jazz.
Em
“Hermeto”, lançado em 1971, gravou com jazzistas consagrados,
como Gil Evans, Joe Farrell, Hubert Laws e Ron Carter, entre
outros, dado seu já conhecido prestígio. E ainda, na experiência
com Miles Davis em “Live, Evil" (1972), onde o trompetista
gravou duas músicas de sua autoria, não reconhecidas no LP.
Depois dessas experiências, Hermeto lançou “A Música Livre de
Hermeto Pascoal” no Brasil (1973), onde se consolidou no mercado
interno com seu primeiro grupo.
Em
matéria que data de 1978 no JB, o crítico Octávio Brito faz
uma avaliação do resultado do álbum de Hermeto ao lado do de Milton
Nascimento, que também havia gravado recentemente com músicos
de jazz norteamericanos: “Quando músicos de duas culturas
diferentes, tais como a brasileira e a americana, se reúnem
para dar uma declaração musical nova, as perspectivas
revelam-se sempre originais e até mesmo surpreendentes. Os
referidos discos transmitem um sentido de fusão, mas
considerando os músicos envolvidos e os resultados obtidos, o
somatório só podia ser excelente.” A primeira coisa que se
percebe e que pode ser dita de “Slaves Mass" é que ele é um
álbum fora de qualquer padrão, e principalmente, fora dos
padrões da indústria cultural. Depois do impacto, pode-se
observar que Hermeto encontra-se no seu momento de maior
liberdade criativa, onde mescla sua total liberdade
improvisativa, com a apresentação de temas, sem preocupações
formais. “Favorecendo a prática, e não a teoria, na sua rotina
musical, Hermeto alcançou um nível criativo em que a
improvisação tornou-se muito próxima da composição, ao mesmo
tempo fluente, em tempo real e com extraordinária riqueza de
ideias.” (BORÉM-ARAÚJO 2010, p.35). Num nível mais profundo de
escuta, pode-se notar importantes hibridações. Para citar a
primeira, destaca-se a aplicação de compassos de numerador
ímpar alterando a rítmica característica do samba 32 , bem
como a intercalação de compassos ímpares de maneira
experimental, que denotam a busca de uma rítmica hibridizada,
própria de Hermeto, subvertendo a rítmica de gêneros
brasileiros. A utilização de sequências harmônicas modais,
semelhantes às usadas em temas jazzísticos norte-americanos,
com sequências de acordes de mesma qualidade (menores,
diminutos, meio-diminutos, dominantes) mudando em movimentos
cromáticos ou em outros padrões de intervalos. Citações
melódicas de trechos de temas ou improvisos de jazz, bem como
a utilização da linguagem jazzística contemporânea em
improvisações. A utilização do clavinete (instrumento muito
usado na black music) e do recorder (instrumento
renascentista/barroco). Soma-se a isso tudo a utilização de
sons de animais, gritos humanos, falas, risadas, sussurros,
sons do cotidiano e outros que são usados para recriar
atmosferas, recursos próprios da concepção sonora de Hermeto
do mundo.
A
definição da concepção de Hermeto Pascoal de Lima Neto pode
ser precisamente percebida em “Slaves Mass": “A
maneira como elementos da linguagem popular brasileira e
nordestina (modalismo, instrumentação com sonoridade
regional), combinam- se com elementos do jazz (rearmonizações
dissonantes) e free jazz (aleatorismo, atonalismo) americanos.
O uso de sons de animais como galos e galinhas "afinados com
os instrumentos", por sua vez constitui uma assinatura
estilística de Hermeto, somando-se aos outros sons de animais
já utilizados pelo compositor alagoano.”(LIMA NETO, 1999,
p.22). Em “Chorinho pra ele” a rítmica da parte C, onde
Hermeto apresenta uma sequencia de frases construídas sobre
harmonia modal em fusas, é mais um aspecto inovador de “Slaves
Mass”. Interessante observar que, mesmo com a dificuldade
técnica que essa parte apresenta, “Chorinho pra ele” tem sido
uma música executada e difundida no repertório do “Brazilian
Jazz” em todo o mundo.
O sucesso
da música na ocasião contribuiu de forma importante para o
resgate do gênero, como observa Calado em entrevista ao
programa “O som do Vinil” da TV Brasil: “‘Chorinho pra ele’ eu
diria assim que é quase um hino pra quem tava (sic) envolvido
com música, fosse estudante, ou fosse até… músico
profissional, naquele momento, nesse momento meados dos anos
70. Quer dizer, foi uma música que assim, você via no
repertório de muita gente e tal, e acho que de certo modo
contribuiu assim (sic), o Hermeto, por um lado, também não
podemos esquecer, de uma certa maneira o Paulo Moura por
outro, pra de certo modo, assim, uma revalorização do choro”.
O sucesso de “Chorinho pra ele” contribuiu certamente para uma
visão flexível com relação ao gênero, como sendo um gênero
também passível de transformações. Perguntado na entrevista
sobre o disco, Hermeto responde:“Não
é qualquer um também que faz um trabalho nos EUA, modéstia a
parte como eu fiz, fiz os dois trabalhos, e… como eu quis, sem
nada de concessão, eu fiz tudo como eu quis, não paguei nada
pra ninguém, me (sic) pagaram pra mim fazer, e, dizer pra você
que eu fiz esse trabalho nos EUA, é uma coisa, foi uma coisa
que fez a explosão da minha carreira como músico”.
Hermeto,
com “Slaves Mass", derruba uma fronteira nunca antes rompida
no Brasil. Se inscreve na discografia mundial dos artistas
geniais e mediante o reconhecimento internacional instaura uma
liberdade ainda não experimentada, nunca antes permitida na
música brasileira naqueles anos finais de uma década que
passou buscando essa liberdade, tanto no rock, quanto no jazz
ou no campo erudito. Dessa forma, Hermeto se torna a
referência para as novas gerações de músicos brasileiros, que
agora iriam buscar suas novas linguagens, já sabendo que foi
permitido, no seio da indústria fonográfica brasileira, fazer
tudo isso que Hermeto já havia feito. 33 Hermeto Pascoal em
entrevista concedida ao programa “O som do vinil”, apresentado
por Charles Gavin, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=fjN2O3w8Zlc. Acessado em:
20/02/2016.
do jazz, mas que, “antropofágico”, vai além e “liquida todas as informações sonoras atuais”, partindo do “mais descabelado free até a musica nordestina”. Por fim, classifica-o como “autêntico inventor vocal”. Na visão do jornalista brasileiro, nesse momento, Hermeto Pascoal, um multiinstrumentista brasileiro, nascido em Olho d´Água e criado em Lagoa da Canoa, na época município de Arapiraca, estado de Alagoas, em 22 de junho de 1936, não só pertence ao campo do jazz como é uma autoridade consagrada dentro dele, com distinção de autenticidade. A
prova disso foi dada pelo prodigioso "Bruxo do Som", Hermeto
Paschoal - autêntica síntese da maratona musical acontecida
no Anhembi. Deliciosamente antropofágico, liquidificando
todas as informações sonoras atuais, Hermeto partiu do mais
descabelado free até a música nordestina, provando que os
autênticos inventores vocais são aqueles que batalham para a
criação da música do futuro.” E.Neves para a revista Pop
Nº.73, disponível em:
http://www.clubedejazz.com.br/noticias/noticia.php?noticia_id=695.
Acessado em 02/03/2016.
E.Neves
estando para Ezequiel Neves
Hermeto, Flora, Airto. Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos gravaram nos EUA com os nomes mais consagrados em todas as instâncias do jazz, como Miles Davis, e com representantes da nova geração, como Chick Corea, Herbie Hancock, Ron Carter, et al Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti rompiam as barreiras do discurso nacionalista, hibridizando elementos diversos e ilimitados da música brasileira, contemporânea e do jazz, abrindo novos caminhos BOREM, Fausto e ARAUJO. Fabiano. Hermeto Pascoal: Experiência de vida e a formação de sua linguagem harmônica. In: PER MUSI – Revista Acadêmica de Música – n.22, p. 239, jul. - dez., 2010 CORTES, Almir. Brazilian styles and jazz elements: Hybridization in the music of Hermeto Pascoal. In: Latin American Music Center’s Fiftieth Anniversary Conference “Cultural Counterpoints: Examining the Musical Interactions between the U.S. and Latin America.” Universidade Indiana, Bloomington, 2011. LIMA-NETO, Luiz Costa. A música experimental de Hermeto Pascoal e Grupo (1981 – 1993): concepção e linguagem. Universidade do Rio de Janeiro. Mestrado em Música Brasileira. Rio de Janeiro, 1999.
![]() filme Une infinie musique de Ariel de Bigault 1986
1973Hermeto Paschoal Nenê (piano/bateria) Alberto (baixo) Anunciação (bateria/percussão) Mazinho (sax) Bola (sax/flauta) ![]() ![]() O “BRAZILIAN JAZZ” NA DÉCADA DE 1980 NO EIXO RIO-SÃO PAULO DEBORAH WEITERSCHAN LEVY RIO DE JANEIRO, 2016 1967![]() Quarteto Novo - Airto Moreira Hermeto Pascoal Theo de Barros Heraldo do Monte
1968com Quarteto Novo ![]() ![]() 2.2 “Slaves Mass" e a música livre de Hermeto Pascoal A entrada
do grupo fonográfico norte americano WEA Records (Warner,
Elektra e Atlantic) no mercado brasileiro em junho de 1976 se
deu com o lançamento dos discos “Slaves Mass”, de Hermeto
Paschoal, e “Urubú" de Tom Jobim, ambos gravados em Los Angeles.e
Hermeto Pascoal: piano acústico e elétrico Fender Rhodes, recorder, clavinete, melódica, sax soprano, flauta, violão e violão de 12 cordas Créditos de
gravação do álbum Slaves Mass: Raul de Souza Trombone
David Amaro guitarra Ron Carter baixo Alphonso Johnson baixo na
faixa 1 Airto Moreira bateria, percussão e efeitos com porcos na
faixa 2 Chester Thompson bateria, Flora Purim vocais nas faixas
2 e 4 Hugo Fattoruso, Raul de Souza, Laudir de Oliveira e Airto
Moreira vocais na faixa 4 produção: Airto Moreira e Flora Purim
1979Cacau (flauta/saxofone/clarinete) Zabelê (violão/percussão/voz) Nenê (bateria) Jovino Santos (teclados) Itiberê (baixo) ![]()
1970Miles Davis Live Evil 1969
1964![]() 1956Hermeto Paschoal toca sanfona em duas faixas
1977Fagner Orós
1976![]() 1978Robertinho de Recife No Passo
1965![]()
1976
1976
No Brasil, o objeto desse estudo é
mais reconhecido pelo termo “música instrumental
brasileira”. Brazilian jazz, ou jazz brasileiro são termos
para os quais não há um consenso no país. Para Zuza Homem de
Mello “o termo Brazilian Jazz é muito apropriado, porque, na
verdade, ao contrário
da maioria dos países do mundo, o jazz brasileiro é música
brasileira”
No final da
década de 1960 alguns músicos levaram a música brasileira,
instrumental e vocal, para estrear em Festivais de jazz europeus
e gravações nos Estados Unidos, exportando a vanguarda do
“Brazilian jazz”. Airto Moreira, Flora Purim, Hermeto Pascoal, e
Egberto Gismonti foram os que diretamente ligados a esse
movimento internacional de hibridação da musica brasileira com o
jazz livre e experimental que se difundia nos EUA e na Europa.
Durante a década de 1970, a música popular brasileira
contemporânea, como foi também chamada nesse período, se
enriquece de experimentalismos, tangendo diferentes linguagens,
se diferenciando de correntes anteriores como a bossa nova e o
bebop, se aproximando de elementos nacionalistas e buscando uma
nova expressão
O “BRAZILIAN JAZZ” NA DÉCADA DE 1980 NO EIXO RIO-SÃO PAULO DEBORAH WEITERSCHAN LEVY RIO DE JANEIRO, 2016 ![]() Hermeto
foi na cozinha pra pegar o
instrumental
Do facão à colherinha tudo é coisa musical Trouxe concha e escumadeira, ralador, colher de pau Barril, terrina e peneira, tudo é coisa musical Chá de panela Guinga-Aldir Blanc
INSTRUMENTISTAS & INSTRUMENTALSinfonia Fantástica da condição do artista em país periférico abastardadoquando as regras do sistema de showbizz tupiniquim, como se dizia há um tempo, são as de que músico é sobretudo acompanhante de cantor-starlet Hermeto Pascoal |
MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABO ciberzine
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![]() Música do Brasil de Cabo a Rabo é um livro com a súmula de 50 anos de estudos de James Anhanguera no Brasil e na América do Sul, Europa e África. Mas é também um projeto multimídia baseado na montagem de um banco de dados com links para múltiplos domínios com o melhor conteúdo sobre o tema e bossas mais novas e afins. Aguarde. E de quebra informe-se sobre o conteúdo e leia trechos do livro Música do Brasil de Cabo a Rabo, compilado a partir do banco de dados de James Anhanguera.MÚSICA DO BRASIL DE CABO A RABOVocê já deve ter visto, lido ou ouvido falar de muita história da música brasileira da capo a coda, mas nunca viu, leu ou ouviu falar de uma como esta. Todas as histórias limitam-se à matéria e ao universo musical estrito em que se originam, quando se sabe que música se origina e fala de tudo. Por que não falar de tudo o que a influenciade que ela fala sobretudo quando a música popular brasileira tem sido quase sempre um dos melhores veículos de informação no Brasil? Sem se limitar a dicas sobre formas musicais, biografia dos criadores e títulos de maior destaque. Revolvendo todo o terreno em que germinou, o seu mundo e o mundo do seu tempo, a cada tempo, como fenômeno que ultrapassa - e como - o fato musical em si.Destacando sua moldura
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Elifas Andreato:
capa do LP Confusão Urbana
Suburbana e Rural de Paulo Moura |
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créditos autorais: Era Uma Vez a Revolução, fotos de James Anhanguera; bairro La Victoria, Santiago do Chile, 1993 ... A triste e bela saga dos brasilianos, Falcão/Barilla: FotoReporters 81(Guerin Sportivo, Bolonha, 1982); Zico: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão Zico, Sócrates, Cerezo, Júnior e seleção brasileira de 1982: Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Edinho: Briguglio, Guerin Sportivo, Bolonha, 1982; Falcão e Antognoni: FotoReporters 81, Guerin Sportivo, Bolonha, 1981.
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Carolina
Pires da Silva
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