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                   O triste e belo fim de Joana Imaginária & Antônio Conselheiro

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  TRISTERESINA  

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Coriscos & Dadás Lampiões &  Marias Bonitas

  Até calango pede sombra  

 

GLAUBER ROCHA OU A POÉTICA DA LUZ DO SERTÃO NO CINEMA NOVO BRASILEIRO  

 

A INDÚSTRIA 

DA SECA

 

No Pátio dos Milagres do Padim Ciço

O triste e belo fim de Joana Imaginária & Antônio Conselheiro

INDISSECA

   índice remissivo

    

 

                            

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   Coriscos & Dadás

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De todo modo essa estória pertence ao tempo em que se deu. Tempo em que as leis eram escritas com a ponta de uma lambedeira bem afiada ou por um parabelo endemoninhado como o de Virgulino José Ferreira, que mais parecia um lampião. Hoje é na base da Beretta ou do fuzil AR-15.

Quando termina a triste e bela saga de Joana Imaginária e Antônio Conselheiro em Canudos, na Bahia, começa a e-pop-éia do Padim Ciço em Juazeiro do Norte e a era do cangaço. Ao entrar no século 20 pela porta dos fundos ou de serviço o Brasil é obrigado a mirar-se no espelho que reflete suas feições mais arcaicas. Fome, seca, delírios místicos e bangue-bangue de bandido e mocinho com contornos de El Cid, o campeador, ou Robin Hood.

Do bando de Antônio Silvino (1875-1944) diz-se que tudo o que arrecadava distribuía entre os pobres.

Silvino teve uma trajetória sui generis entre os líderes históricos do cangaço: preso em 1914, seria anistiado por Getúlio Vargas vinte anos depois e tornou-se funcionário público. 

A figura que se tornaria arquetípica do cangaceiro baseia-se, como a dos seus quase contemporâneos caubóis e bandoleiros mexicanos, no conceito arcaico de honra. A do mítico Lampião é mais uma lenda do justiceiro que está acima da lei dos homens e de Deus e que começa, para os anais, em nomes como Cabeleira, Antônio Silvino e Jesuíno Brilhante.

Rachel de Queiroz, que com O Quinze, publicado em 1930, inaugurou a corrente literária do romance regionalista e nasceu em Quixadá, no sertão central do Ceará, fez eco da existência no século XVII de uma certa Maria Oliveira que poderá ter sido a primeira mulher cangaceira no Nordeste.

 

Cangaço é sinônimo de bandoleirismo na atual Região Nordeste do Brasil cuja história e cujos parâmetros são prospectados e perspectivados por Euclides da Cunha em trechos de Os Sertões

aqui reproduzidos a partir do texto original da terceira edição de acordo com as revisões feitas pelo próprio Euclides da Cunha num exemplar que está na Academia Brasileira de Letras   

OS SERTÕES, 3ª EDIÇÃO: RIO DE JANEIRO, LAEMMERT, 1905

   

    

Entre o "jagunço" do S. Francisco e os "cangaceiros" dos Cariris, surgiam, sob todos os matizes, os valentões tradicionais dos conflitos sertanejos, variando até então apenas no nome, nas sedições parceladas, dos "calangos", dos "balaios" ou dos "cabanos".

...

 

          ANTECEDENTES DA FAMÍLIA: OS MACIÉIS

nos sertões entre Quixeramobim e Tamboril Maciéis X Araújos [citação:] "vieram a fazer parte dos grandes fastos criminais do ceará, em uma guerra de família. (...) dois homens desiguais na fortuna e posição social" (...) são um episódio apenas entre as razias, quase permanentes da vida turbulenta dos sertões. (...) que ressaltam, evidentes, a prepotência sem freios dos mandões de aldeia e a exploração pecaminosa por eles exercida sobre a bravura instintiva do sertanejo.

[120]             LUTAS ENTRE MACIÉIS E ARAÚJOS  

Surgiu de (...) pequenos roubos cometidos pelos Maciéis (...) Araújos: Criadores opulentos, senhores de baraço e cutelo, vezados a fazer justiça por si mesmos, (...) chamaram a postos a guarda pretoriana dos capangas. (...) 1833 (...) e um cangaceiro terrível, Vicente Lopes de Aracabiassu. [morre ali um avô do Conselheiro] 

(...)

      Por fim as armas - a mesma revivescência de estádios remotos: o facão jacaré, de folha larga e forte; a parnaíba dos cangaceiros, longa como uma espada; o ferrão ou guiada, de três metros de comprido, sem a elegância das lanças, reproduzindo os piques antigos; os cacetes ocos e cheios pela metade de chumbo, pesados como montantes; as bestas e as espingardas.

     Entre estas últimas, gradações completas, desde a de cano fino, carregada com escumilha, até a "legítima de Braga", cevada com chumbo grosso, ao trabuco brutal ao modo de uma colubrina 

[143] portátil, capaz de arremessar calhaus e pontas de chifre, à lazarina ligeira, ou ao bacamarte de boca de sino.

 

     O sertanejo simples transmudava-se (...)

[146] E adotava, ao cabo, o nome até então consagrado aos turbulentos de feira, aos valentões das refregas eleitorais e saqueadores de cidades - jagunço.

      O sertanejo simples transmudava-se (...) e adotava, ao cabo, o nome até então consagrado aos turbulentos de feira, aos valentões das refregas eleitorais e saqueadores de cidades - jagunço.

                        POPULAÇÃO MULTIFORME

do crente fervoroso abdicando de si todas as comodidades da vida noutras paragens, ao bandido solto que lá chegava de clavinote ao ombro em busca de novo campo de façanhas,

                          POLÍCIA DE BANDIDOS

     Graças a seus braços fortes, Antônio Conselheiro dominava o arraial, corrigindo os que saíam das trilhas demarcadas. Na cadeia ali paradoxalmente instituída - a poeira, no dizer dos jagunços - viam-se, diariamente, presos pelos que haviam cometido a leve falta de alguns homicídios os que haviam perpetrado o crime abominável de faltar às rezas. 

(...)

     O uso da aguardente, por exemplo, era delito sério. (...)

Atraía-os o engodo do lucro inevitável. Levavam a eterna cúmplice das horas ociosas dos matutos.

(...)

[149] deste hachich nacional. (...) Dali partiam bandos turbulentos arremetendo com os arredores. Toda a sorte de tropelias eram permitidas, desde que aumentassem o patrimônio da grei. Em 1894 (...) tornaram-se alarmantes.

                                   DEPREDAÇÕES

     Em dilatado raio em torno de Canudos, talavam-se fazendas, saqueavam-se os lugarejos, conquistavam cidades! (...) 

     Os desordeiros volviam cheio de despojos para o arraial, onde ninguém lhes tomava conta dos desmandos.

(...) 

(...) Os grandes conquistadores de urnas que, a exemplo de milhares de comparsas disseminados neste país, transformam a fantasia do sufrágio universal na clava de Hércules da nossa dignidade, apelavam para o Conselheiro.

     Canudos fazia-se, então, provisoriamente, o quartel das guardas pretorianas dos Capangas, que de lá partiam, trilhando rumos prefixos, para reforçarem, a pau e a tiro, a soberania popular (...) denominando-as "eleições", eufemismo que é entre nós o mais vivo traço das ousadias da linguagem. A nossa civilização de empréstimo arregimentava, como sempre o fez, o banditismo sertanejo.

 A nossa civilização de empréstimo arregimentava, como sempre o fez, o banditismo sertanejo.

 

 

[165]                                                                                      A LUTA  

[167]                                          I

                              PRELIMINARES

     Quando se tornou urgente pacificar o sertão de Canudos, o governo da Bahia estava a braços com outras insurreições. A cidade de Lençóis fora investida por atrevida malta de facínoras, e as suas incursões alastravam-se pelas Lavras Diamantinas; o povoado de Brito Mendes caíra às mãos de outros turbulentos; e em Jequié se cometiam toda a sorte de atentados.

                                 ANTECEDENTES 

(...)

     Opulentada de esplêndidas minas, (...) Procuram-na há duzentos anos irriquietos aventureiros ferroados pelo anelo de espantosas riquezas. (...) fizeram mais do que amaninhar a terra com a ruinaria das catas e o indumento áspero das grupiaras; legaram à prole erradia e, de contágio, aos rudes vaqueiros que os seguiram, a mesma vida desenvolta e inútil livremente expandida na região fecunda, onde por muitos anos foram moeda corrente o ouro em pó e o diamante bruto.

(...) conservaram, na ociosidade turbulenta a índole aventureira dos avós, antigos fazedores de desertos. (...) o banditismo franco impôs-se-lhes como derivativo à vida desmandada.

     O jagunço, saqueador de cidades, sucedeu ao garimpeiro, saqueador da terra. O mandão político substituiu o capangueiro decaído.

[168] (...) os mamalucos bravios e diligentes (...) começo do século XVIII, quando se desvendaram as lavras do Rio das Contas à Jacobina, perigosos agentes que, se lhes não derrancaram o caráter varonil, o nortearam a lamentáveis destinos. (...)

     Devassaram-nas até nova barreira, o rio S. Francisco. Transpuseram-na. Na frente, indefinido, se lhes antolhou, cavado nos chapadões, aquele maravilhoso vale do rio das Éguas, tão aurífero que o ouvidor de Jacobina, em carta dirigida à rainha D. Maria II (1794), afirmava "que as suas minas eram a coisa mais rica de que nunca se descobriu nos domínios de Sua Majestade." (...)

(...) os montões de argila revolvida das catas enterroadas; e da envergadura atlética do vaqueiro surgira, destemeroso, o jagunço. (...) Fez-se a metamorfose da situação anterior: de par com a sociedade robusta e tranquila dos campeiros, uma outra caracterizando-se pelo nomadismo desenvolto, pela combatividade irriquieta, e por uma ociosidade singular sulcada de tropelias.

     Imaginemos que dentro do arcabouço titânico do vaqueiro estale, de súbito, a vibratilidade incomparável do bandeirante. Teremos o jagunço.

(...)

[169] dá-lhe grátis em toda a parte o salitre para a composição da pólvora, enquanto as balas, luxuosos projéteis feitos de chumbo e prata, lá estão, incontáveis, na galeria argentífera do Assuruá... 

(* Vide Descrições Práticas da Província da Bahia pelo tenente-coronel Durval Vieira de Aguiar) (...)

(** Caetano Pinto de Miranda Montenegro, vindo em 1804 de Cuiabá ao Recife, andando seiscentas e setenta léguas, passou pela Barra do Rio Grande, e no relatório que enviou ao visconde de Anadia, diz, referindo-se àqueles lugares, que "em nenhuma parte dos domínios portugueses a vida dos homens tem menos segurança" (Liv. 16. Corr. da Corte, 1804-1808)) E, embora em todas as narrativas emocionantes, que a formam, se destaquem rivalidades partidárias e desmandos impunes de uma política intolerável de potentados locais, todas as desordens, surgindo sempre precisamente nos lugares em que se ostentou, outrora, mais ativa a ânsia mineradora, denunciam a gênese remota que esboçamos.

(...) Januária (...)  Desta vila para o norte a história das depredações avulta cada vez maior, até Xique-Xique, lendária nas campanhas eleitorais do império.

(...)

     Um único, talvez, se destaca sob outro aspecto, o de Bom Jesus da Lapa. É a Meca dos sertanejos. A sua conformação original, ostentando-se na serra de grimpas altaneiras, (...)

[170] e a lenda emocionante do monge que ali viveu em companhia de uma onça - tornaram-no objetivo predileto de romarias piedosas, convergentes dos mais longínquos lugares, de Sergipe, Piauí e Goiaz.

     Ora, entre as dádivas que jazem em considerável cópia no chão e às paredes do estranho templo, (...) um traço sombrio de religiosidade singular: facas e espingardas.

(...) entrega ao Bom Jesus o trabuco famoso, tendo na coronha alguns talhos de canivete lembrando o número de mortes cometidas. (...)

(...) Xique-Xique, onde durante decênios se degladiaram liberais e conservadores; Macaubas, Monte-Alegre e outras, e todas as fazendas de seus termos, delatam nas vivendas destruídas ou esburacadas à bala, esse velho regímen de desmandos.

     São lugares em que se normalizou a desordem esteiada no banditismo disciplinado.

     O conceito é paradoxal, mas exato.

(...)

[171] 

     Cerca de dez ou oito léguas de Xique-Xique demora a sua capital, o arraial de Santo Inácio, ereto entre montanhas e inacessível até hoje a todas as diligências policiais. 

(...) É uma ação diplomática entre potências. A justiça armada parlamenta com os criminosos, balanceia as condições de um e outro partido; discute; evita os ultimatos e acaba ratificando verdadeiros tratados de paz, sancionando a soberania da capangagem impune.

(...)

     Não surpreende que hajam crescido, avassalando todo o vale do S. Francisco e desbordando para o norte.

     Porque o cangaceiro (*)

(* Derivado de cangaço, complexo de armas que trazem os malfeitores. "O assassino foi à feira debaixo do seu cangaço, dizem os habitantes do sertão." Franklin Távora, O Cabeleira

da Paraíba e Pernambuco é um produto idêntico com diverso nome. Distingue-o do jagunço, talvez, a nulíssima variante da arma predileta, a parnaíba de lâmina rígida e longa suplanta a fama tradicional do clavinote de boca de sino. As duas sociedades irmãs tiveram no entretanto longo afastamento que as isolou uma da outra. Os cangaceiros nas incursões para o sul, e os jagunços nas incursões para o norte, defrontavam-se, sem se unirem, separados pelo valado em declive de Paulo Afonso.

     A insurreição da comarca de Monte-Santo ia ligá-las.

     A campanha de Canudos despontou da convergência espontânea de todas estas forças, desvairadas, perdidas nos sertões.

                                  LUTADORES    

(...)

     Porque a universalidade do sentimento religioso, de par com o instinto da desordem, ali agremiara não baianos apenas senão filhos de todos os Estados limítrofes. Entre o "jagunço" do S. Francisco e os "cangaceiros" dos Cariris, surgiam, sob todos os matizes, os valentões tradicionais dos conflitos sertanejos, variando até então apenas no nome, nas sedições parceladas, dos "calangos", dos "balaios" ou dos "cabanos".

Domingo Sarmiento  em Facundo:

(...) el trovador de la Edad Media, que se mueve en la misma escena, entre las luchas de las ciudades y del feudalismo de los campos, entre la vida que se va y la vida que se acerca.

É o mesmo poeta-cantador popular que nas festas e feiras do Nordeste, nas vilas e fazendas do interior, nos pousadios e nos arraiais, canta as aventuras de Valente Vilela, Antônio Silvino, d'O Cabeleira, de Lucas da Feira e outros cangaceiros e valentões celebrados, imaginários ou reais, que povoaram o sertão com a fama ligada à violência ou valentia.

As origens do cangaço moderno se confundem com o agravamento da fome e da miséria provocadas pela seca. A partir de 1877 os retirantes que vagavam pelo sertão roubando propriedades e vilas eram considerados bandidos. Para combatê-los os fazendeiros armaram seus homens - chamados de cangaceiros e vistos como pilares da ordem.  O cangaço mais conhecido, porém, é o dos grupos independentes dos fazendeiros, que viviam em confronto com as volantes.

O primeiro chefe do cangaço foi Manoel Batista de Moraes - nome verdadeiro de Antônio Silvino (1875 a 1944). Nascido em Pernambuco, tudo o que ele arrecadava em suas investidas distribuía aos pobres. Preso em 1914, foi anistiado por Getúlio Vargas e tornou-se funcionário público.

57 – Hoje como antes e no tempo em que a Rachel de Queirós nasceu o estado de miséria das massas nordestinas do campo e da cidade desmente supostas pretensões modernizadoras sempre alardeadas pelas lideranças políticas – mas nunca pelos donos de terras que representam. Nada mudou no regime de propriedade ou na estrutura oligárquica de um sistema brutalmente explorador e retrógrado, hoje como em qualquer tempo.

Nesse contexto Lampião – como Antônio das Mortes, o matador de cangaceiro - também repartido entre Deus e o Diabo encarna a versão regional daquele que veio para redimir a pobreza e punir os ricaços, uma versão made in Brazil de J. Cristo, Robin Hood ou Zorro.

A emblemática do deus e do justiceiro - que em se tratando de Nordeste mais talvez do que em qualquer outro cafundó dos inferno inclui o cão - se aglutinam aqui na figura do chefe do cangaço, num meio social estático e apertado que no seu imobilismo passa se tanto por leves alterações de fachada e onde só vigoram relações de mando e de cabresto.

Como os quilombolas de Zumbi nas Alagoa e ainda antes os primeiros brasileiros que lutaram contra os holandeses ou por esta altura os jagunços em Canudos contra as tropas federais republicanas, os bandos de Cangaço adotavam táticas de guerrilha. Numa vasta zona sem rotas, de difícil acesso e em que só eles conheciam muito bem o terreno em que pisavam era quase impossível um controle policial regular.

 

...

 

Cangaceiro: origem do termo – nos tempos da escravidão: os negros fugitivos quando capturados eram postos sob tortura num instrumento conhecido por canga. A partir daí principalmente no Norte do país todo marginalizado social era chamado de cangaceiro.

Outra versão: a expressão teria vindo do Oriente (fala-se da Índia) trazida por viajantes portugueses significando inicialmente tábua de suplício.  

Versão de Euclides da Cunha em Os Sertões:

(* Derivado de cangaço, complexo de armas que trazem os malfeitores. "O assassino foi à feira debaixo do seu cangaço, dizem os habitantes do sertão." Franklin Távora, O Cabeleira

Os primeiros grupos eram formados por grandes latifundiários que os contratavam para por meio deles impor suas próprias leis, dominar famílias da região e arrebanhar eleitores à força.  

É LAMPE É LAMPE É LAMPE É LAMPE É LAMPEÃO

 

Virgulino Ferreira da Silva campeou durante duas décadas nas terras do São Francisco junto à fronteira de quatro estados, onde vivia mais ou menos foragido, porque não lhe faltou apoios e proteção de fazendeiros, políticos e num período muito breve do próprio governo.

Virgulino nasceu no interior de Pernambuco e entrou no cangaço na adolescência, quando trabalhava na fábrica de linhas de Delmiro Gouveia, um coronel determinado a colocar o Nordeste na era industrial e que por esse motivo, segundo uma versão corrente, foi assassinado por capangas contratados por uma forte concorrente inglesa que acabaria por apossar-se da sua empresa. Segundo versão oposta, o crime nada teve a ver com isso.

Conta-se que Lampião aderiu ao cangaço junto com dois irmãos por causa de uma briga entre sua família e uma família rival que matou seu pai. Maria Bonita casara-se com um sapateiro que abandonou quando conheceu o cangaceiro. Aqui se entrecruzam as trajetórias de Virgulino e de um certo Conselheiro.

A dimensão heróica da figura de Lampião é também filha da necessidade do Partido Comunista Brasileiro de acrescentar um mito da luta pelos pobres e oprimidos à sua galeria de heróis nacionais, segundo o cangacerólogo, que diz haver registro da sua presença no bando dos Porcinos em 1918. Como o pai morreu assassinado por um vizinho (ou pela polícia alagoana, segundo outra versão) em 1921 Lampião não poderia ter entrado no cangaço para vingar sua morte, como reza a lenda dessa espécie de Robin Hood do banditismo social brasileiro. As suas façanhas eram de qualquer modo reflexo do desgoverno em que se vivia numa das últimas fronteiras brasileiras.

 

Faz parte também do mito do bando de Lampião o de bandidos e mocinhos que em momentos de ócio, talvez à luz de uma fogueira, dedicavam-se à arte popular brasileira por excelência, a doce e humana música, e de que nele nasceram cantigas como Muié Rendêra, transformada em clássico do cancioneiro popular pela trilha sonora de O Cangaceiro, de Lima Barreto, o faroeste caboclo seminal. A autoria de Acorda Maria Bonita, outra famosa pecinha do populário nacional, era reivindicada por um membro do bando, Volta Seca, que a terá improvisado quem sabe após uma bela farra.

 

Alguns estudiosos os identificam como foras-da-lei, outros como bandidos de honra, injustiçados. Alguns chefes de bandos tinham tal consciência política embrionária que foram classificados por Eric Hobsbawn como ‘bandidos sociais’.

    Lampião atravessou o Nordeste dizendo-se defensor do povo oprimido.

Tais mitos, como a visão romântica do Velho Oeste, não resistiram a uma análise menos circunstancial e mais distanciada dos fatos. Também desses heróis o Brasil não teria muito do que se orgulhar.

Outra tese: Mito popular de que durante quase 20 anos Lampião foi o governador do sertão.

   Jornal do Brasil, anos 1990: Lampião sobreviveu tanto tempo não porque recebesse apoio da população, que aterrorizava, mas de fazendeiros, políticos e em determinado momento até do governo.

 

No árido movie Baile Perfumado, que surpreendeu a crítica pela precisão e cerebralidade, os diretores Lírio Ferreira e Paulo Caldas fizeram questão de mostrar Lampião como um bandido mesmo e sobretudo o cotidiano desse banditismo à maneira de Howard Hawks, um desbravador de reinterpretações do mundo do faroeste.

 

33 – Como a grande maioria dos sertanejos Lampião era devoto do Padre Cícero, cuja fama de santo milagreiro tornara-o um ícone regional e em cuja corte, em Juazeiro do Norte, figuravam notórios cangaceiros penitentes. Jagunços fiéis a ele, como um certo Zé Pedro cortador de cabeças, destacaram-se na ‘guerra santa’ do Padre Cícero contra o governador da Província em 1914.

Quando doze anos depois o governo tentava deter a Coluna Prestes pediu ajuda a Padre Cícero e este não teve dúvidas em recorrer a Lampião, que recebeu do milagreiro a patente de capitão do exército, a benção, armas e munições.

Lampião entrou em Juazeiro do Norte a 6 de março de 1926 com um bando de 50 cangaceiros. Hospedou-se no Palacete do Poeta, onde Benjamin Abraão, secretário do Padre Cícero, organizou solenidade de entrega de patente de capitão do exército para combater a coluna que em dois anos marchara desde o Rio Grande do Sul tentando convencer as populações a sublevar-se contra a oligarquia representada no poder central pelo presidente Washington Luís.

Após a cerimônia o capitão Virgulino brindou o povo penitente com moedas de prata jogadas da varanda do prédio. Lampião foi então recebido pelo Padre Cícero na sua residência ao som do violeiro Lêra, do flautista Cego Cícero e do repentista Cícero Vila Nova. No dia seguinte o milagreiro distribuiu bênçãos e rosários para serem usados pelos cangaceiros quando deixassem a vida de crimes.

Em menos de dois meses o gabinete de Cícero Romão Batista receberia ordens de dispensar Lampião do serviço.

 

O secretário do Padim Ciço, o libanês Benjamin Abraão, era na verdade um mascate que terá visto no seu Pátio dos Milagres uma ótima base de expansão de seus negócios. Não perdeu tempo para expandi-los um pouco além através de uma das figuras mais populares do seu tempo e visitar o bando de Lampião num dos seus refúgios campestres. E o que encontra, segundo os realizadores d’O Baile Perfumado, é um cangaceiro completamente aburguesado, vivendo de extorsão, agiotagem e venda de proteção: os cangaceiros instalavam-se numa fazenda e cobravam imposto para não atacá-la.

O mascate acaba por dar um toque delux ao cangaço fashion e filma os guerreiros do sol num momento de relax.

Ainda que quase sempre em trânsito por campos e matos o maior campeador do Nordeste pode também cultivar uma certa sofisticação.

    Usa anéis de ouro maciço com o monograma VFL, túnicas que ele mesmo cria com Maria Bonita, botões de ouro, perfumes franceses fornecidos por Benjamin Abraão, um foulard de seda e um binóculo Goertz Berlin, que acondiciona numa caixa de couro para que fez uma capa bor-da-da.

    Bordou também no embornal as iniciais CVFSL (capitão Virgulino Ferreira Lampião).

Lampião era fã de cinema e do galã Rodolfo Valentino e conta-se que assistia filmes em cidades da região camuflado com terno e gravata.

    O cangaço fashion tornou-se a paixão dos jovens nordestinos da época, que sonhavam em juntar-se ao bando, como o futuro rei do baião Luiz Gonzaga, mestre da música do sertão.

    Calçavam alpargatas, como os vaqueiros e outros jagunços, ou sandálias de couro, portavam as cartucheiras sobre o gibão em forma de X e chapéus de couro de abas frontal e traseira dobradas. 

    A companheira de Lampião, Maria Bonita, foi a primeira mulher a entrar para o bando. Sua presença fez com que os cangaceiros parassem de estuprar as mulheres nas cidades que invadiam.  

Conta-se que a maior cidade que Lampião avistou foi Mossoró, no Rio Grande do Norte. Observou-a de longe e logo retomou a marcha dizendo à cabroeira:

Terra com mais de uma torre não é pra cangaceiro atacá.   

    Segundo os autores de O Baile Perfumado a modernidade que chega ao sertão levada pelo cinema, pelos novos equipamentos da volante ou pelos perfumes franceses de Abraão é também o que apressa o fim do cangaço real e o transforma em mito, em história.

                 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                

da esquerda para a direita dona Maria Bonita e Lampeão, este tendo em mãos um exemplar do magazine Noite Ilustrada: guerreiros do sol relaxam e posam em fazenda de "amigo"

O último líder do cangaço foi Cristiano Gomes da Silva Cleto, conhecido como Corisco ou Diabo Louro. Ex-integrante do bando de Lampião, morreu em confronto em 1940. 

    A LENDA DE CORISCO OU O DIABO LOURO

 

Em Corisco e Dadá o diretor Rosemberg Cariry debruçou-se mais sobre a personalidade e o caráter do que seria o último líder cangaceiro, Cristino Gomes da Silva Cleto, o Diabo Louro, um sujeito ao que diz místico e violento.

 

O autor de Corisco e Dadá contraria a tese do cangacerólogo de que nunca existiu um Corisco místico e, numa epopéia em tom intimista em que mistura crença messiânica popular com tragédia grega e um toque de William Shakespeare – tenta-se Shakespeare até no sertão – busca provar que a futura vítima de Antônio das Morte é um homem condenado a um destino, que é o de lavar com sangue os pecados do mundo, mas ao conhecer Dadá (nome próprio: Sérgia da Silva Chagas) passa de semideus à condição de homem sofredor.

Corisco e Dadá É uma tragédia de dimensão universal, que toca os arquétipos essenciais da alma humana, em que o cangaceiro é um homem rebelado tentando afirmar seu destino nessa terra hostil, nessa sociedade profundamente cruel.

    - Havia consciência de revolta? – perguntou-se a Cariry.

    - Acho que sim. Eles tinham uma consciência com limites – os limites da consciência camponesa. Sua concepção do que era ou não justiça, das questões éticas, eram muito próprias. Havia uma consciência de justiça e uma crueldade muito grande também. Quando surgem, no final do século 19, início do século 20, com Jesuíno Brilhante e Antônio Silvino, os cangaceiros eram mais justiceiros, o cangaço ainda era romântico. Com Lampião institui-se o reinado da violência.

    Corisco místico:

    - Ele costumava dizer: É Deus que move o meu gatilho no fuzil – embora Corisco diga que está cansado, que quer parar, ele não pode. Quando morre o seu terceiro filho, ele rompe com Deus – diz que o primeiro filho foi para o Pai, o segundo para o Filho e o terceiro para o Espírito Santo, que Deus estava com fome de sangue e rompe com ele.

   

Se entreeega Corisco!

      Eu não me entrego não,

      Não me entrego a tenente

      Nem me entrego a capitão

      Só me entrego na morte

      De parabelo na mão!  

                         

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                     

                       É LAMPE É LAMPE É LAMPE É LAMPE É LAMPEÃO

                                                      29 de julho de 1938

                  

Meia centena de homens compunham a volante da Força Pública que matou Lampião, Maria Bonita e mais nove cabras do seu bando, entre eles Moeda, Sabonete, Novo Tempo e Diferente.

Candeeiro foi um dos sobreviventes.

    O lugarejo de Poço Redondo, na embocadura do São Francisco, que por algum tempo consagrou-se como capital do cangaço, foi cenário do último ataque do bando do capitão Virgulino, surpreendido pela patrulha numa gruta da região após uma denúncia anônima.

Lampião entrou para a história como bandido e herói mas ele era um justiceiro, contrapunha 65 anos depois seu Mané Felix, ainda orgulhoso de ter sido coiteiro de jagunços nas barrancas do Velho Chico. 

Cabeças cortadas. Aos 18 anos, Josias Valão alistou-se na volante que caçou Lampião com a intenção de se juntar ao seu grupo, mas torceu o pé e não pôde ir. Arrumou as cabeças dos cangaceiros mortos pelos macacos a 28 de julho de 1938 na gruta de Angico, a 60 km de Piranhas (200 km de Maceió), onde elas foram expostas e fotografadas na estação, hoje Museu do Sertão. Em 2003 seu Josias ganhava R$100,00 por mês como cicerone do museu.

 

 Se entreeega Corisco!...

   

    Corisco foi preso e morto dois anos depois.

 

 

 

   Com o bando de Lampião termina a era de meio século de cangaço, mas seu exemplo paradigmático e paradoxal e sua lenda permanecem vivos.

   Uma idéia bem glauberrochiana é escravatura como estado de espírito, que terá desenvolvido nos longos anos de reflexão sobre a apatia e resignação do sertanejo nordestino. Ao menos desse estigma Lampião e Corisco escaparam.

 

47- Notícia de O Globo de 19-04-91  

EX-CANGACEIRO MORRE NA FILA DO INSS

Severino Garcia dos Santos, o Relâmpago do bando de Lampião, chegou ao Rio de Janeiro na década de 40. Morava no bairro da Saúde e morreu aos 84 anos no INSS tentando receber pensão de CR$ 15.000,00.

Relâmpago, que se aposentou como ferreiro da indústria naval, vangloriava-se de que quando vivia no sertão tinha 12 mulheres e matou mais de 20 com Lampião.

 

           A modernidade que chega ao sertão levada pelo cinema, pelos novos equipamentos da volante ou pelos perfumes franceses de Abraão é também o que apressa o fim do cangaço real e o transforma em história e mito.

       Mito que se renova enquanto o Brasil de fato não muda. As imagens além das colhidas por Benjamim Abrãao, do seu culto à própria imagem, à moda e às modas da época, como Valentino e o cinema, à música, à poesia, enfim, em pleno agreste, mais os múltiplos relatos que dele se tem das mais variadas fontes desde então – a começar por gente de todos os quadrantes e as estórias que contam de contatos diretos e indiretos -, dão uma panorâmica extraordinária de um mito de rara consistência e contribuem para uma fenomenologia multifacetada.

    Tomzé de Irará musicou em 1965 versos da sua lavra, Lá Vem Macaco, Lá Vai Bala. Diz que o bandoleiro transpirava poesia e escrevia sua biografia em versos de maneira anárquica, porém muito concretos, como se deduz do próprio título da canção.

    Homenagens a Lampião – independentemente da boa ou má imagem que a sociologia dele retém - não cessam, como Candeeiro Encantado, de Lenine. Ou: Concerto Para Virgulino Sem Orquestra – Ópera Popular do Nordeste.

Luiz Gonzaga ajudou a popularizar o seu fardamento e diz que seu sonho de infância e adolescência no sertão de Exu era juntar-se ao seu bando. Antes de mudar-se para o Rio de Janeiro, um dos ícones da era de cristalização da música popular brasileira, João Pernambuco, conheceu numa feira em Recife o violeiro Cirino da Guajurema, a quem comprou uma viola. Contava depois que a viola que tocava no Grupo Caxangá, que formou com Donga e Pixinguinha, era a de Cirino e que o chapéu de couro que usava fora um presente de Virgulino Ferreira Lampião, que pela quantidade de histórias-lendas que dele se conta poderá ter tido também o dom da ubiquidade.

 

É LAMPE É LAMPE É LAMPE É LAMPE É LAMPEÃO
 

                         

                            um cibercordel  

 

CABEZas cortadas

um filme de glauber rocha

 

Meia centena de homens compunham a volante da Força Pública que matou Lampião, Maria Bonita e mais nove cabras do seu bando, entre eles Moeda, Sabonete, Novo Tempo e Diferente.

Candeeiro foi um dos sobreviventes.

    O lugarejo de Poço Redondo, na embocadura do São Francisco, que por algum tempo consagrou-se como capital do cangaço, foi cenário do último ataque do bando do capitão Virgulino, surpreendido pela patrulha numa gruta da região após uma denúncia anônima.

Lampião entrou para a história como bandido e herói mas ele era um justiceiro, contrapunha 65 anos depois seu Mané Felix, ainda orgulhoso de ter sido coiteiro de jagunços nas barrancas do Velho Chico. 

Cabeças cortadas. Aos 18 anos, Josias Valão alistou-se na volante que caçou Lampião com a intenção de se juntar ao seu grupo, mas torceu o pé e não pôde ir. Arrumou as cabeças dos cangaceiros mortos pelos macacos a 28 de julho de 1938 na gruta de Angico, a 60 km de Piranhas (200 km de Maceió), onde elas foram expostas e fotografadas na estação, hoje Museu do Sertão. Em 2003 seu Josias ganhava R$100,00 por mês como cicerone do museu.

 

 Se entreeega Corisco!...

   

    Corisco foi preso e morto dois anos depois.

 

Ariano Suassuna descolou uma imagem muito nítida desse ciclo: As rebeliões de Canudos, Contestado e Palmares foram momentos em que o Brasil real levantou a cabeça e o Brasil oficial cortou.  

 

O mais famoso bando de cangaço do mundo

 

2017

 

 

 

                         

                            um cibercordel  

 

 

                                       

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